domingo, 30 de maio de 2010

Noite de velho sangue

Hoje despertei e lembrei que o tempo já passou
Meus grandes amigos viraram velhas lembranças
E aquela infância, hoje mofa no álbum de fotos,
Guardado com carinho em algum lugar do passado.
Ainda me lembro dos primeiros amores e outros nem tanto,
Todos os ardores de minha juventude, ânsias e inglórias.
Meus cabelos brancos teimam em delatar uma velhice,
Os olhos cansados, já misturam as letras,
Entretanto, não me propus a escrever por saudosismo,
Quis, nessa madrugada, fazer algo que a muito esqueci:
Ser feliz! Trato essas linhas enfermas com carinho,
Um esboço de sorriso sarcástico clareia minhas ideias,
Percebo que o jovem que um dia chorou por um ideal
Hoje, tragando seu pobre charuto, chamusca um antigo sonho:
Ter das linhas uma chance de fuga, de lutar!
Mas quem leria isso? A mesma sentença lhe condena.
Os anos vão e continuamos a nos debater em nossa prisão
Do cotidiano quero o sabor de novos dias
E desses dias quero mais um sorriso de meu neto
Que corre desesperado para sua cova.
A fumaça dos velhos sabios se apagam em mim.
Minha mão já não para de tremer: Parkinson!
Mas eu continuo, em minha prisão, a debater-me
E um dia fugirei, ah! que dia feliz será!
Terminarei minha história com um repetido final feliz,
Longe dos braços de uma protituta qualquer e copos de uisque
Tão normais, porem indignos do belo fim inevitavel,
Escrito em pedras, meu epitáfio!