segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nostalgia

Enquanto a multidão inteira esbravejava
Fiz-te a jura mais silenciosa
Levei-te em meus ombros em um ultimo romance
E tu gritavas um outro nome!
E as frases vibrantes na noite ao luar te fizeram ainda mais bela,
Pois quando senti as tuas lagrimas em meu rosto
Percebi que não eram minhas, nem em meu nome.
Lucidez de um momento, um segundo de prazer horas de arrependimento;
Porém, fez-se em mim um céu pra te levar sem esforço
E era do paraíso meu lugar de repouso!
E de Ícaro veio-me a sentença
A mão que teimava em puxar-me, a cera que não sustentou o sonho
De volta aos mortais e as tochas empunhadas contra mim
De volta ao real, me perdi sem começo ou fim!
Difícil olhar desejoso a imagem alada, pois um dia...
Historia de um velho livro recontado nas paginas da vida.
E tu de sorriso sereno, ao céu me excita
Mas sou humano e não sei voar
Sou humano, e tudo se faz imperfeito em meu peito
Humano!
Perdi minha identidade retornando ao meu recanto
Vi-me sem saber o que ou porque, mas pra que respostas?
E encontrei-me nos dias mais solitários
E te chamar pra dançar ou criar um filho, já não me era impossível;
Minha vida é o caminho, não a chegada
E me ver por ai, sem rumo,
E me ver por ai!
Porém sou humano, e tudo se faz em dor
Sem poder matar meu próprio eu, te fiz promessas irrelevantes
Fiz-te me ver e você se assustou, mas ainda esta aqui
Ainda continuas aqui!
E de todos seus amigos, pra mim você ligou, pra contar da vida ou apenas não
Pra mim ligou e não importava o porquê, em mim você pensou!
E tudo se fez no passado, pois o hoje ainda será escrito.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Em memória de Janis Louis

Desde menino, ouvi uma profecia de meu pai:
“O Brasil é o pais do futuro, seremos livres!”
Passaram-se os anos e a tirania reinava entre nós
Meus cabelos alongaram e a barba também,
Pensei, fumei, me revoltei e curti rock, na praça central.
Janis veio de pau de arará para o meio do furacão,
Conheceu o medo e escolheu irmãos,
Amou, formou-se em letras e lutou ao lado dos vermelhos,
Nem éramos tão vermelhos assim, apenas “não a ditadura!”
Janis perdeu a virgindade em um galpão militar,
Soldados armados de quepe na mão, e coletes no chão,
Dezessete anos, a menina adorável estendida na poça de sangue,
Encontrei a verdade em seus olhos imóveis,
Salvara-me; meu abraço de guerrilheiro mórbido não mais a aquecia.
Talvez a luta seja em vão, talvez soubesse disso, mas eu não desistiria, não agora!
Fim dos anos 80, o rosto da vitoria estampado em nossas caras,
Um sorriso de gloria, talvez o futuro tenha chegado a nós!
Tenho 43 anos hoje, cabelos agora brancos predominam na figura pacata,
Jaqueta de couro e all-star ficaram no passado, junto com as ideologias esquecidas,
Dias passam e meu terno é vestimenta freqüente, cabelo pro lado e socialmente sã.
Nada mais de drogas, sexo e rock’n’roll, tatuagens, socialismo ou sonhos,
Hoje, o sol brilha inofensivo, sou o dono do meu mundo,
Dinheiro rege as coisas, Janis está morta a vinte anos, mas eu ainda a sinto,
Mesmo deitado com minha mulher, seu olhar azulado e cabelos loiros encaracolados,
Ainda parece está ali a me indagar: “como você podi deixar tudo ficar assim?”,
Nossa liberdade foi jogada, aos mais novos como bem comum,
E eles estilhaçaram a utopia, devoraram os sonhos que lutamos,
Somos passado, querida, já não sei gritar, já não pinto a cara, já não sonho mais!
Antes de te encontrar novamente, queria deixa essa homenagem a nós,
Mas creio que não lutamos o suficiente, ainda não estamos livres,
Somos prisioneiros culturais, grades no lar, prisão cinza e edificada.
Não fumo há anos, câncer de pulmão, você sabe que não, mas foi esse o motivo,
Virei cafona, brega, meu filho escuta bobagens teen e eu Led Zeppelin,
Sem preconceito, Janis, mas onde estão os gritos, sou mudo;
Estou hoje com meu velho all-star, com seu livro favorito e bebo em nossa memória,
Ao som do mar, o sol ao longo do céu, e os fantasmas passam correndo na calçada,
Acostumaram-se a tudo isso, eu acho que sou um deles agora, porem já estou de partida,
Mas eu quero ganhar o mar, o seu sonho sempre foi poder nadar no mar,
Vou largar esse caderno e pular, será o nosso mergulho, sempre de cabeça, baby;
Todos ficarão bem sem mim, mas eu nunca encararia todos outra vez.
A guerra te trouxe a mim o mar me levará a você.
“O amor sem fim, é eterno, na morte!”

domingo, 30 de maio de 2010

Noite de velho sangue

Hoje despertei e lembrei que o tempo já passou
Meus grandes amigos viraram velhas lembranças
E aquela infância, hoje mofa no álbum de fotos,
Guardado com carinho em algum lugar do passado.
Ainda me lembro dos primeiros amores e outros nem tanto,
Todos os ardores de minha juventude, ânsias e inglórias.
Meus cabelos brancos teimam em delatar uma velhice,
Os olhos cansados, já misturam as letras,
Entretanto, não me propus a escrever por saudosismo,
Quis, nessa madrugada, fazer algo que a muito esqueci:
Ser feliz! Trato essas linhas enfermas com carinho,
Um esboço de sorriso sarcástico clareia minhas ideias,
Percebo que o jovem que um dia chorou por um ideal
Hoje, tragando seu pobre charuto, chamusca um antigo sonho:
Ter das linhas uma chance de fuga, de lutar!
Mas quem leria isso? A mesma sentença lhe condena.
Os anos vão e continuamos a nos debater em nossa prisão
Do cotidiano quero o sabor de novos dias
E desses dias quero mais um sorriso de meu neto
Que corre desesperado para sua cova.
A fumaça dos velhos sabios se apagam em mim.
Minha mão já não para de tremer: Parkinson!
Mas eu continuo, em minha prisão, a debater-me
E um dia fugirei, ah! que dia feliz será!
Terminarei minha história com um repetido final feliz,
Longe dos braços de uma protituta qualquer e copos de uisque
Tão normais, porem indignos do belo fim inevitavel,
Escrito em pedras, meu epitáfio!

terça-feira, 20 de abril de 2010

A revolta do vulnerável garoto

Corro aos gritos, desesperado, mas ainda sim inútil
Acorrentado nas ilusões de um passado insípido,
Desligo-me violentamente da cultura humana,
Mas onde ficou a resposta, em um copo bem fundo?
E meu corpo sagrando mentiras, pois lhe envergonho
Por ser um garoto inocentemente sacana.

Os refletores, a luz que lhe cega, me engrandecem;
Por ver seu sorriso em nossas lágrimas: minha revolta!
Não vou e nem tento mudar o mundo,
Mas eu posso e vou vencer o engano,
A indecência que lhe faz ter o poder de nos comandar
E ainda matar inocentes com sua politicagem!

Se eu pudesse gritar as injurias, seria eterno!
Se eu pudesse te mandaria pro inferno que merece
E não me arrependeria, pois eis culpado
E será uma sentença demorada e lhe farei sofrer! (com um sorriso na cara!).

Como seria o poder na mão dos justos?
Como seria ter paz em nossos mundos?
O reino do caos e desordem segue imbatível,
Mas o povo segue em um só sorriso sofrível!

Orfeu

Quis ver o olhar dos arrogantes no sorriso dos inúteis,
Pois nunca esquecerei a beleza de ser o melhor,
Hoje, não adianta mais, a lagrima escorre pela sua falta,
Hoje estou a quilômetros de qualquer lugar.

Engraçado, o inferno te trás de volta, mas eu não,
E esse inferno interior que te sepulcrou, não amanhasse!
Ainda é escuro demais pra me ver, nem tente,
Ainda é cedo de mais para sermos lembrados.

Você seguiu pelo mesmo lugar, de pedras agudas,
O orgulho me feriu os pés e já não posso te acompanhar!
Sangro sozinho em desespero e você seguiu para o céu,
Não seria minha solidão uma saída, mas você escapou,
Não seria justo te prender em meu peito, e você fulgiu!
Inferno ou não, Orfeu não tem perdão! Eurídice, quem eis?

O luar clareia a noite em um sentimento, fragilmente, leve;
Seu olhar no escuro e a minha insônia no passado!
E o silencio prende-me os pulsos e meu rosto pálido
Em um reflexo de sanidade, mas digo sem medo:
“Um seu sorriso venha, mesmo que com outro,
E que você siga feliz, pois eu tento voltar ao Mundo!”.

Aos mortos

“-Vens e toma de mim esse corpo putrefado, suas mãos não derramaram uma gota de sangue minha, pois já não me há vida! Ainda logo e vens, já eis o culpado da morte e da vida e essa ultima que já não vale de nada pelo falta de motivos! Não queres o teu filho feliz? Então encara-me, roga Tuas iras e rancores de Tua criação mais baixa e repugnante em mim que nunca duvidei de Ti, que nunca fui mais do que sou! Então porque?”

O céu dava o tom fúnebre e o rosto empalidecido, ainda com contornos de sua extrema beleza, fria agora, segui o único caminho certo para todos; vai à amada deixando o amado aos gritos, em lágrimas e desespero contra Mim, a se soubesses como Me dói ter seus destinos traçados em Minha palma! Suas lágrimas ficaram guardadas e suas injurias esquecidas dessa vez, mas como eu queria dizer levanta-te e seguis, ainda haverá paz em teu coração, tua amada te espera em repouso e tu a chorar como se não houvesse amanhã; a seria tão fraco assim o ser humano para chorar por algo tão insignificante? São imperfeitos pelo seu livre-arbítrio, por suas opiniões, pois crie-lhe como minha mais bela criação, ate os anjos sentem inveja de vocês: sentidos, habilidades, inteligência, razão, vida; mas ainda sim me decepcionam com seus joguinhos mortais, um canibalismo tão cego, egoísmo, como eis tão perfeito e tão imperfeito ao mesmo tempo? Homens!

“-Quem eis tu para nos julgar? Quem eis tu, covarde? Brinca com nossas vidas como se fossemos insetos, vermes, nada e ainda se diz piedoso, a ta bom, conta outra, Eis impiedoso, cruel, insano e somos apenas joguetes em seu jogo de dados, merda! Porque tem que ser assim? Porque somos tão inúteis? Se ao menos ainda estivesses aqui, se não estivesse tão pálida nesse caixão que te leva, se teus lábios frios ainda, nem que pela ultima vez, me dissessem eu te amo! Ainda sim o amanhã seria tão cruel, tão só; sem o sol não há amanhã e amanhã não há sem você!”

E a chuva começa a cair sobre as folhas que recobrem teu ultimo leito, todos os guarda-chuvas já se foram e os gritos que saem da voz de teu amado ninguém escuta mais.

“-Agora é hora de levantar e segui novos passos, erga a cabeça senhor e queira me acompanhar ate a saída, vamos fechar por hoje, mas senhor é tão novo ainda, a vida ainda te fará sorrir, vamos enxugue essas lágrimas e vá que sua amada daqui não sairá e eu cuidarei de sua cova a partir de hoje, sempre com flores vermelhas e brancas como o senhor recomendara e seu epitáfio será sempre legível, não se preocupe, mas agora vá e viva de novo!”

Derramado em lágrimas seu desespero escorre tão rápido quanto tuas injurias e raiva, só a dor reina agora, mas segui e tente voar novamente, a brisa retorna pra vida de quem quer voar! Estamos todos de pé esperando um fim anunciado, todos teremos nossa hora, mas o que nos diferem é como vivemos e isso é o que realmente importa!

Para um amigo! Um conto, não sei! Que a morte seja o recomeço.

segunda-feira, 29 de março de 2010

De uma noite para o dia

A porta se abre abruptamente, o casal entra rompendo o silencio que deixava a casa com um ar de terror; os sussurros que transformavam a atmosfera do quarto e traziam um leve sorriso no rosto de ambos, beijos estalavam ao som de uma leve musica ao fundo, coldplay eu acho!
Os segundos agora eram atemporais, poderiam dura uma eternidade de um beijo ou a rapidez de uma descoberta e outra; as mãos e os braços se misturavam e se separavam buscando uma forma de prazer ou novidades; tato, pele, suor e tudo decorria entoados com juras eternas de amor. A cama e os lençóis passaram a ser detalhes a muito esquecidos, os leves tremores de prazer dela os deixa mais excitado e seu corpo enrijece e isso a faz suspirar, nesse embalo de prazeres mútuos fez-se a noite banhada ao luar um som harmonioso e singelo transpassava aqueles dois amantes e era mais que humano busca a mais divina integração entre pessoas, os dois agora já eram um!
Suas bruscas tentativas de agradar a parceira o fizeram cansar, alias ambos estavam cansados agora! Eles queriam desesperadamente que o outro, ao amanhecer, dissesse que a noite foi maravilhosa e tudo valeria a pena só pelo fato de ver o sorriso do amando! O ato já ia ao fim, mas ainda restavam energias e ele percebeu um leve sorriso no rosto dela, penetrou-a e ela o sentira por inteiro e ficou maravilhada, nunca sentira antes tal sensação, ele já estava a explodir, mas tento dar mais prazer a ela, suas pernas entrelaçadas e relaçadas em uma posição tão juntos e tão unidos que era extraornariamente prazeroso, e tudo valeu a pena, os dois, já em uma velocidade maior, continuaram a relação indo e vindo, indo e vindo, indo e vindo... um gritinho de dor ou prazer e o gozo a afinal, a exaustão estava estampada no rosto dos dois, mas continuavam na mesma posição como se não mais pudessem se separar, ainda eram um, pelo menos até o fim da noite, pois o céu já estava a clarear e o sono veio insistente para encera e dar nova energia!
O dia já estava alto, a moça acordou com um barulho, não sabia o que era, mas não importava o seu amado irá protegê-la, passou o braço sobre o lugar que era pra está o rapaz e o nada a deixou frustrada e insegura, “homens são todos iguais mesmo e eu ainda tendo encontrar um diferente, impossível isso, sua burra!” pensou irada a moça; lentamente levantou fez sua higiene e vestiu sua camisa do The Spykes e uma calcinha limpa que estava jogada na gaveta, foi à cozinha, sua barriga insistia, e uma surpresa o café estava posto como nunca vira antes: pão, torradas, café, leite, havia até frutas e umas coisas que ela nem sabia o nome, mas o melhor estava a preparar ovos e bacon: o rapaz, parado vestido com o seu avental de cozinha a fez suspirar; ele virou-se e disse de forma cortez para que ela se sentasse e tomasse o café da manhã com ele, ela concedeu e presenteou-o com o mais belo sorriso matutino que ele já vira, e ela pensou que, talvez, dessa vez, ela tinha acertado e que esse é especial; o rapaz desconsertado pela beleza da moça pensou que era o homem mais sortudo do mundo e que era a mulher da sua vida!
O vento soprava lá fora, um agradável dia se fez e o casal, do apartamento dela, apreciavam seu desjejum com olhares de promessas e juras eternas, o sol brilha e trás a certeza de que amanhã aja o que for, ainda será amanhã!

De Yan, um romance, em conto, de uma noite para o dia!