terça-feira, 20 de abril de 2010

Aos mortos

“-Vens e toma de mim esse corpo putrefado, suas mãos não derramaram uma gota de sangue minha, pois já não me há vida! Ainda logo e vens, já eis o culpado da morte e da vida e essa ultima que já não vale de nada pelo falta de motivos! Não queres o teu filho feliz? Então encara-me, roga Tuas iras e rancores de Tua criação mais baixa e repugnante em mim que nunca duvidei de Ti, que nunca fui mais do que sou! Então porque?”

O céu dava o tom fúnebre e o rosto empalidecido, ainda com contornos de sua extrema beleza, fria agora, segui o único caminho certo para todos; vai à amada deixando o amado aos gritos, em lágrimas e desespero contra Mim, a se soubesses como Me dói ter seus destinos traçados em Minha palma! Suas lágrimas ficaram guardadas e suas injurias esquecidas dessa vez, mas como eu queria dizer levanta-te e seguis, ainda haverá paz em teu coração, tua amada te espera em repouso e tu a chorar como se não houvesse amanhã; a seria tão fraco assim o ser humano para chorar por algo tão insignificante? São imperfeitos pelo seu livre-arbítrio, por suas opiniões, pois crie-lhe como minha mais bela criação, ate os anjos sentem inveja de vocês: sentidos, habilidades, inteligência, razão, vida; mas ainda sim me decepcionam com seus joguinhos mortais, um canibalismo tão cego, egoísmo, como eis tão perfeito e tão imperfeito ao mesmo tempo? Homens!

“-Quem eis tu para nos julgar? Quem eis tu, covarde? Brinca com nossas vidas como se fossemos insetos, vermes, nada e ainda se diz piedoso, a ta bom, conta outra, Eis impiedoso, cruel, insano e somos apenas joguetes em seu jogo de dados, merda! Porque tem que ser assim? Porque somos tão inúteis? Se ao menos ainda estivesses aqui, se não estivesse tão pálida nesse caixão que te leva, se teus lábios frios ainda, nem que pela ultima vez, me dissessem eu te amo! Ainda sim o amanhã seria tão cruel, tão só; sem o sol não há amanhã e amanhã não há sem você!”

E a chuva começa a cair sobre as folhas que recobrem teu ultimo leito, todos os guarda-chuvas já se foram e os gritos que saem da voz de teu amado ninguém escuta mais.

“-Agora é hora de levantar e segui novos passos, erga a cabeça senhor e queira me acompanhar ate a saída, vamos fechar por hoje, mas senhor é tão novo ainda, a vida ainda te fará sorrir, vamos enxugue essas lágrimas e vá que sua amada daqui não sairá e eu cuidarei de sua cova a partir de hoje, sempre com flores vermelhas e brancas como o senhor recomendara e seu epitáfio será sempre legível, não se preocupe, mas agora vá e viva de novo!”

Derramado em lágrimas seu desespero escorre tão rápido quanto tuas injurias e raiva, só a dor reina agora, mas segui e tente voar novamente, a brisa retorna pra vida de quem quer voar! Estamos todos de pé esperando um fim anunciado, todos teremos nossa hora, mas o que nos diferem é como vivemos e isso é o que realmente importa!

Para um amigo! Um conto, não sei! Que a morte seja o recomeço.

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